210:
216:
222:
identificar fatores associados à contaminação e internação hospitalar por COVID-19 em profissionais de enfermagem.
256:estudo transversal, realizado em hospital especializado em cardiologia, com 415 profissionais de enfermagem. Foram avaliadas as variáveis sociodemográficas, comorbidades, condições de trabalho e questões relacionadas ao adoecimento pela COVID-19. Na análise dos dados, utilizaram-se os testes Qui-Quadrado, Fisher, Wilcoxon, Mann-Whitney e Brunner Munzel, a razão de chances para internação hospitalar, além de regressão logística binária.
260:a taxa de profissionais de enfermagem acometidos pela COVID-19 foi de 44,3% e os fatores associados à contaminação foram o número de pessoas no mesmo domicílio com COVID-19 (OR 36,18; p<0,001) e o uso de transporte público (OR 2,70; p=0,044). Ter sintomas graves (OR 29,75), pertencer ao grupo de risco (OR 3,00), apresentar taquipneia (OR 6,48), falta de ar (OR 5,83), cansaço (OR 4,64), febre (OR 4,41) e/ou mialgia (OR 3,00) aumentou as chances de internação hospitalar dos profissionais com COVID-19.
264:habitar o mesmo domicílio que outras pessoas com a doença e usar transporte público aumentou o risco de contaminação pelo novo coronavírus. Os fatores associados à internação hospitalar dos profissionais contaminados foram a presença de fatores de risco para doença, a gravidade e o tipo dos sintomas apresentados.
268:(1) Contaminação associada ao número de pessoas no domicílio com COVID-19.
294:(2) Profissionais de enfermagem contaminados utilizavam mais transporte público.
295:(3) Pertencer ao grupo de risco e presença de sintomas graves relacionaram-se com a internação.
296:A síndrome respiratória aguda de 2019 (COVID-19) é causada por um novo coronavírus, o SARS-CoV-2, da família dos coronavírus (CoV), responsáveis por manifestações infecciosas que variam do resfriado comum à síndrome respiratória aguda grave (SARS)
Pesquisa apontou que, no início da pandemia, cerca de 14% dos casos infectados eram graves e necessitavam de hospitalização; além disso 1,7% receberam tratamento por ventilação mecânica invasiva e 2,6% morreram
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 13 de novembro de 2021 indicam 252.728.611 casos confirmados de COVID-19 no mundo, com o maior número de casos nos Estados Unidos (47.013.894 casos), seguido pela Índia (34.426.036 casos) e pelo Brasil (21.939.196 casos). Em relação à mortalidade, do ponto de vista global, a COVID-19 já provocou 5.092.908 mortes, sendo 762.614 nos Estados Unidos, 610.491 no Brasil e 463.245 na Índia
A prevenção da transmissão durante o cuidado e tratamento dos doentes depende do uso eficaz dos equipamentos de proteção individual (EPI), que devem incluir máscara, óculos de proteção ou protetor facial, luvas e avental, exclusivos para o ambiente de cuidado
Em 2020, a escassez de recursos para testes, a incerteza sobre os fatores prognósticos, a indisponibilidade de vacinas, a imposição de medidas desconhecidas de saúde pública, as significativas perdas financeiras e as mensagens conflitantes das autoridades foram motivos de angústia e estresse para os profissionais de saúde
Enfermeiras e parteiras representam quase 50% da força de trabalho em saúde. Dos 43,5 milhões de trabalhadores da saúde no mundo, estima-se que 20,7 milhões sejam enfermeiros e parteiras
Assim, a enfermagem está na linha de frente dos cuidados aos pacientes com COVID-19 e tem papel central nos cuidados clínicos, educação, prevenção e controle da doença
Pesquisa que analisou casos e óbitos por COVID-19 em profissionais de enfermagem no Brasil mostrou maior número de casos na região Sudeste, com maior letalidade para a faixa etária entre 41-50 anos e para o sexo masculino
Estudo transversal, realizado com profissionais de saúde iranianos, descreveu a maior taxa de infecção por COVID-19 entre enfermeiros (51,3%). Cerca de um terço dos profissionais eram assintomáticos e, para os sintomáticos, as características clínicas mais frequentes foram mialgia (46%) e tosse (45,5%)
Devido ao surto repentino da doença, os enfermeiros tiveram apenas um breve treinamento para cuidar de pacientes com COVID-19 e muitos profissionais foram afastados do trabalho por sintomas gripais e suspeita de infecção ou mesmo pela infecção confirmada
No contexto da crise provocada pelo novo coronavírus, das condições de trabalho e do adoecimento dos profissionais de enfermagem, conhecer os fatores associados à contaminação, ao adoecimento pela COVID-19 e à necessidade de internação hospitalar dos profissionais de enfermagem pode colaborar para a adoção de medidas protetivas para os profissionais de saúde nesta e em eventuais crises sanitárias futuras. Desta forma, os gestores dos serviços de saúde podem obter subsídios para fundamentar ações de saúde ocupacional, como controle de comorbidades dos profissionais; dimensionamento adequado de recursos humanos para gestão da exposição de profissionais mais vulneráveis e manejo da sobrecarga de trabalho das equipes atuantes e implementação de ações de educação permanente que orientem o uso adequado de EPIs pelos profissionais.
362:Este estudo teve como hipótese que a falta de EPI e a presença de comorbidades entre os profissionais de enfermagem podem estar associadas à contaminação pela COVID-19. Assim, a pesquisa teve como objetivo identificar fatores associados à contaminação e à internação hospitalar pela COVID-19 em profissionais de enfermagem.
363:Trata-se de um estudo observacional analítico, transversal, baseado nas diretrizes do
O estudo foi realizado em um hospital de ensino, especializado em cardiopneumologia na cidade de São Paulo-SP, Brasil. A instituição é um centro de referência para atendimento aos pacientes com afecções cardiológicas e pneumológicas complexas e desde junho de 2020 tornou-se referência para o atendimento de pacientes com COVID-19 na cidade de São Paulo, motivo pelo qual foi escolhida para o desenvolvimento da pesquisa.
380:O hospital é composto por 535 leitos distribuídos em sete unidades de internação e 157 leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de alta complexidade, além de possuir 14 salas de cirurgia, sete salas de hemodinâmica e estudos eletrofisiológicos, 12 salas de diagnóstico de alta complexidade e 60 consultórios médicos. Para atendimento exclusivo aos pacientes com COVID-19, foram disponibilizados 50 leitos de UTI e 60 leitos de unidade de internação.
381:O hospital conta com 1283 profissionais de Enfermagem, sendo 125 auxiliares, 718 técnicos de enfermagem e 440 enfermeiros. No período de coleta de dados, 248 profissionais encontravam-se em férias ou licença médica/maternidade. A amostra foi, por conveniência, composta por enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem.
382:Foram incluídos profissionais de enfermagem que atuassem na instituição por, no mínimo, um mês nas Unidades de Terapia Intensiva, de Internação, Centro Cirúrgico, Hemodinâmica, Pronto Socorro, Serviço de Diagnóstico por Imagem e Ambulatório. Foram excluídos os que estivessem em férias ou licença de saúde (não relacionada à COVID-19) no período de coleta de dados.
387:As variáveis dependentes foram: contaminação por COVID-19 e necessidade de internação hospitalar dos profissionais em decorrência da COVID-19. As independentes incluíram dados sociodemográficos (sexo, idade, raça, estado civil, religião, local de moradia, número de pessoas no domicílio), de formação (escolaridade e cursos na área de enfermagem), relacionados ao trabalho (categoria profissional, função, renda, meio de transporte para o trabalho, setor em que atua, tempo de trabalho na instituição, jornada de trabalho, treinamento específico para cuidado de pacientes com COVID-19, disponibilidade de equipamentos de proteção individual, se possuía outro vínculo empregatício assistencial, afastamento por causas emocionais relacionadas ao trabalho e fornecimento de suporte à saúde mental institucional), condições de saúde (comorbidades e/ou se possuía fatores de grupo de risco definidos pela OMS - idosos a partir de 60 anos, fumantes, pessoas com doença cardiovascular, respiratória, renal ou câncer, diabéticos, imunossuprimidos, gestantes e obesos com Índice de Massa Corporal superior a 40). Ademais, para aqueles que adoeceram pela COVID-19, foram incluídas informações sobre gravidade e tipo de sintomas apresentados e necessidade de cuidados intensivos.
392:Para a coleta de dados, foi elaborado um instrumento, do tipo
O instrumento de coleta de dados foi elaborado em formato de
Os pesquisadores estiveram em todas as unidades e períodos, disponibilizando o
Os dados foram coletados nos meses de novembro e dezembro de 2020.
414:Os dados foram analisados no programa estatístico R versão 4.1.1 com o apoio de um profissional estatístico. Na comparação dos grupos (contaminação ou não pelo novo coronavírus e necessidade ou não de internação hospitalar) foram utilizados, para as variáveis nominais do estudo, os testes Qui-Quadrado de Pearson ou Exato de Fisher (nos casos em que a frequência esperada, em pelo menos uma das caselas da tabela de contingência, foi menor que 5). Quanto às variáveis quantitativas discretas e contínuas, a comparação dos grupos foi feita pelos testes Wilcoxon Mann-Whitney e Brunner Munzel. Para a identificação dos fatores associados ao adoecimento pela COVID-19, foi aplicada a regressão logística múltipla binária, sendo que todas as variáveis independentes descritas anteriormente foram inseridas simultaneamente no modelo, cuja capacidade preditiva foi avaliada pela área sob a curva
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição (parecer nº 4.072.114) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
424:Um total de 415 profissionais de enfermagem participaram do estudo (86,7% sexo feminino; idade média 36,7 anos), com maior frequência de profissionais das raças branca (47,8%) e parda (33,2%) e com formação de nível médio, ou seja, técnico e auxiliares de enfermagem (53,7%). Os participantes coabitavam o domicílio, em média, com aproximadamente três pessoas, a maioria residia na capital de São Paulo (71,8%) e utilizava meio de transporte público (78,3%) ao deslocar-se para o trabalho (
431: DP = desvio padrão; †n = 415; ‡Grande São Paulo = constituída por 35 municípios, excluindo o ABC paulista (analisado separadamente); §ABC = Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema; ||Permitia mais de uma resposta
437:
609:
444:
450:
451:
452: Variável
445: n (%)
446: Média (DP)*
447:
448:
449:
453:
459: Sexo (n= 407)
454:
455:
456:
457:
458:
460:
465: Feminino
461: 353 (86,7)
462:
463:
464:
466:
471: Masculino
467: 54 (13,3)
468:
469:
470:
472:
478: Idade†
473:
474:
475: 36,7 (10,0)
476:
477:
479:
485: Raça (n=404)
480:
481:
482:
483:
484:
486:
491: Branca
487: 193 (47,8)
488:
489:
490:
492:
497: Parda
493: 134 (33,2)
494:
495:
496:
498:
503: Preta
499: 57 (14,1)
500:
501:
502:
504:
509: Amarela
505: 18 (4,4)
506:
507:
508:
510:
515: Indígena
511: 2 (0,50)
512:
513:
514:
516:
521: Nível de formação (n=410)
517:
518:
519:
520:
522:
527: Médio
523: 220 (53,7)
524:
525:
526:
528:
533: Superior
529: 190 (46,3)
530:
531:
532:
534:
540: Número de coabitantes†
535:
536:
537: 3,1 (1,41)
538:
539:
541:
546: Área de habitação†
542:
543:
544:
545:
547:
552: São Paulo capital
548: 298 (71,8)
549:
550:
551:
553:
559: Grande São Paulo‡
554:
555: 91 (22)
556:
557:
558:
560:
566: ABC§
561:
562: 23 (5,5)
563:
564:
565:
567:
572: Interior/litoral
568: 3 (0,7)
569:
570:
571:
573:
578: Meio de transporte†||
574:
575:
576:
577:
579:
584: Público
580: 325 (78,3)
581:
582:
583:
585:
590: Carro particular
586: 136 (32,7)
587:
588:
589:
591:
596: Por aplicativo
592: 21 (5,1)
593:
594:
595:
597:
602: Caminhada
598: 12 (2,9)
599:
600:
601:
603:
607:
608: Outros
604: 6 (1,4)
605:
606:
Entre os participantes do estudo, 110 (26,5%) enquadravam-se como grupo de risco para COVID-19. Além disso, as principais comorbidades identificadas foram doença respiratória (5,5%), doença cardiovascular (5,1%), obesidade (4,8%) e diabetes (3,1%). Quanto às doenças respiratória e cardiovascular, destacaram-se a asma (n=15) e a hipertensão arterial sistêmica (n=21) (
621: Permitia mais de uma resposta; †DPOC = Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
627:
758:
634:
639:
640:
641:
642: Condições de risco para COVID-19*
635:
636: n
637: %
638:
643:
647:
648: Doença cardiovascular
644: 21
645: 5,1
646:
649:
653:
654: Hipertensão arterial sistêmica
650: 21
651: 5,1
652:
655:
659:
660: Insuficiência cardíaca
656: 2
657: 0,5
658:
661:
665:
666: Cardiopatia congênita
662: 2
663: 0,5
664:
667:
671:
672: Arritmia
668: 1
669: 0,2
670:
673:
677:
678: Síndrome coronariana
674: 1
675: 0,2
676:
679:
683:
684: Doença respiratória
680: 23
681: 5,54
682:
685:
689:
690: Asma
686: 15
687: 3,6
688:
691:
695:
696: Bronquite
692: 7
693: 1,7
694:
697:
702:
703: DPOC†
698:
699: 1
700: 0,2
701:
704:
708:
709: Diabetes
705: 13
706: 3,1
707:
710:
714:
715: Neoplasia
711: 3
712: 0,7
713:
716:
720:
721: Imunossupressão por medicamento
717: 1
718: 0,2
719:
722:
726:
727: Doença autoimune
723: 6
724: 1,4
725:
728:
732:
733: Gestante
729: 7
730: 1,7
731:
734:
738:
739: Idade acima de 60 anos
735: 14
736: 3,4
737:
740:
744:
745: Fumante
741: 10
742: 2,4
743:
746:
750:
751: Obesidade
747: 20
748: 4,8
749:
752:
756:
757: Outros
753: 13
754: 3,1
755:
Vinte e três profissionais (5,5%) trabalhavam em mais de uma instituição e o tempo de atuação no hospital de estudo foi, em média, de 7,5 (DP=8,6) anos. Foram identificados 15 setores de atuação, com destaque para a unidade de internação adulto (23,5%), UTI cirúrgica (17,1%) e Pronto Socorro (12,0%).
769:A maioria dos participantes (52,8%) prestava assistência exclusiva aos pacientes com COVID-19 e aproximadamente 78% dos profissionais da instituição receberam treinamento para atendimento a este tipo de clientela. Mais da metade dos profissionais referiu falta de algum tipo de EPI na instituição (50,1%), especialmente máscara N95/PFF2 (37,1%) ou cirúrgica (29,9%), avental impermeável (19,0%) e protetor facial/óculos (2,4%).
770:Um total de 184 (44,3%) profissionais de enfermagem foi infectado pela COVID-19 e a contaminação esteve associada ao número de pessoas em domicílio com a doença (p<0,001), uso de transporte público (p=0,04), atuação em outra instituição (p=0,012), setor de atuação (p<0,001), falta de EPI (p=0,033) e falta de máscara N95/PFF2 (p=0,029).
771:Dentre as variáveis que apresentaram associação com a contaminação por COVID-19, habitar o mesmo domicílio com outras pessoas com a doença aumentou em 36,18 vezes a chance de contrair COVID-19 e o uso de transporte público aumentou 2,70 vezes o risco de contaminação, em comparação aos que não necessitavam deste tipo de transporte (
773: IC = Intervalo de confiança; †OR = Razão de chance; ‡LI = Limite inferior; §LS = Limite superior; ||VIF =
779:
1165:
789:
799:
790:
791:
792: IC* para OR 95%
793:
794:
795:
796:
797:
798:
800:
812:
813:
814: OR†
801:
802: SE
803: LI‡
804:
805: LS§
806:
807: p-valor
808: VIF||
809:
810:
811:
815:
824: Sexo Masculino
816: 1,87
817: 1,66
818: 0,69
819: 5,08
820: 0,216
821: 1,149
822:
823:
825:
834: Idade
826: 0,98
827: 1,03
828: 0,93
829: 1,03
830: 0,400
831: 2,439
832:
833:
835:
844: Raça Branca
836: 0,70
837: 2,48
838: 0,13
839: 4,50
840: 0,694
841: 1,639
842:
843:
845:
854: Raça Indígena
846: 0,21
847: 83,25
848: 0,00
849: 72,10
850: 0,721
851:
852:
853:
855:
864: Raça Parda
856: 0,57
857: 2,61
858: 0,09
859: 4,05
860: 0,557
861:
862:
863:
865:
874: Raça Preta
866: 0,63
867: 2,72
868: 0,10
869: 4,82
870: 0,645
871:
872:
873:
875:
884: Área de moradia -interior de São Paulo
876: 0,58
877: 1,48
878: 0,27
879: 1,25
880: 0,174
881: 1,192
882:
883:
885:
894: Número de pessoas por domicílio
886: 0,89
887: 1,13
888: 0,70
889: 1,13
890: 0,335
891: 1,214
892:
893:
895:
904: Número de pessoas no domicílio com COVID-19
896: 36,18
897: 1,43
898: 18,70
899: 76,38
900: < 0,001
901: 1,261
902:
903:
905:
914: Tempo de trabalho no hospital
906: 1,00
907: 1,00
908: 0,99
909: 1,00
910: 0,901
911: 2,189
912:
913:
915:
924: Atendimento exclusivo aos pacientes com COVID-19
916: 1,06
917: 1,43
918: 0,53
919: 2,15
920: 0,860
921: 1,172
922:
923:
925:
934: Profissional de nível médio
926: 0,97
927: 1,48
928: 0,45
929: 2,09
930: 0,937
931: 1,404
932:
933:
935:
944: Usa transporte público
936: 2,70
937: 1,64
938: 1,05
939: 7,28
940: 0,044
941: 1,403
942:
943:
945:
954: Usa carro particular
946: 1,78
947: 1,51
948: 0,79
949: 4,05
950: 0,166
951: 1,402
952:
953:
955:
964: Usa transporte por aplicativo
956: 1,11
957: 2,09
958: 0,26
959: 4,67
960: 0,887
961: 1,193
962:
963:
965:
974: Caminha para o trabalho
966: 1,84
967: 2,57
968: 0,28
969: 11,34
970: 0,518
971: 1,151
972:
973:
975:
984: Usa outro tipo de transporte
976: 3,80
977: 3,00
978: 0,34
979: 29,33
980: 0,224
981: 1,126
982:
983:
985:
994: Recebeu treinamento para atendimento à COVID-19
986: 1,08
987: 1,50
988: 0,49
989: 2,43
990: 0,842
991: 1,151
992:
993:
995:
1004: Tem outro trabalho
996: 2,27
997: 2,03
998: 0,58
999: 9,51
1000: 0,247
1001: 1,131
1002:
1003:
1005:
1014: Máscara cirúrgica não disponível
1006: 1,01
1007: 1,62
1008: 0,39
1009: 2,63
1010: 0,976
1011: 1,944
1012:
1013:
1015:
1024: Máscara N95/PFF2 não disponível
1016: 1,51
1017: 1,55
1018: 0,64
1019: 3,62
1020: 0,348
1021: 1,747
1022:
1023:
1025:
1034: Protetor facial/óculo não disponível
1026: 1,24
1027: 1,79
1028: 0,40
1029: 3,88
1030: 0,711
1031: 1,385
1032:
1033:
1035:
1044: Gorro não disponível
1036: 0,69
1037: 1,96
1038: 0,19
1039: 2,64
1040: 0,580
1041: 1,440
1042:
1043:
1045:
1054: Avental impermeável não disponível
1046: 0,77
1047: 1,70
1048: 0,27
1049: 2,18
1050: 0,630
1051: 1,712
1052:
1053:
1055:
1064: Luvas não disponíveis
1056: 2,54
1057: 2,18
1058: 0,55
1059: 11,65
1060: 0,230
1061: 1,292
1062:
1063:
1065:
1074: Pertence ao grupo de risco para COVID-19
1066: 1,50
1067: 1,72
1068: 0,52
1069: 4,38
1070: 0,457
1071: 2,184
1072:
1073:
1075:
1084: Diabetes
1076: 0,84
1077: 3,51
1078: 0,07
1079: 9,18
1080: 0,889
1081: 1,255
1082:
1083:
1085:
1094: Neoplasia
1086: 2,58
1087: 8,06
1088: 0,04
1089: 197,70
1090: 0,650
1091: 1,236
1092:
1093:
1095:
1104: Usa Imunossupressor
1096: 368480
1097: Não estimável
1098:
1099:
1100: 0,988
1101: 1,000
1102:
1103:
1105:
1114: Tem doença autoimune
1106: 0,73
1107: 5,20
1108: 0,02
1109: 12,67
1110: 0,848
1111: 1,125
1112:
1113:
1115:
1124: Gestante
1116: 0,16
1117: 4,55
1118: 0,01
1119: 3,08
1120: 0,235
1121: 1,225
1122:
1123:
1125:
1134: Idade 60 ou mais
1126: 0,73
1127: 3,32
1128: 0,07
1129: 7,65
1130: 0,789
1131: 1,584
1132:
1133:
1135:
1144: Fumante
1136: 0,36
1137: 3,01
1138: 0,03
1139: 2,73
1140: 0,350
1141: 1,278
1142:
1143:
1145:
1154: Obesidade
1146: 0,92
1147: 2,47
1148: 0,16
1149: 5,45
1150: 0,930
1151: 1,355
1152:
1153:
1155:
1163:
1164: Outro risco
1156: 0,36
1157: 2,79
1158: 0,04
1159: 2,56
1160: 0,321
1161: 1,320
1162:
Os valores de VIF indicaram ausência de colinearidade entre as variáveis do modelo relacionado aos fatores associados à contaminação dos profissionais pela COVID-19 (
A
1179: Unidade de Terapia Intensiva; †Permitia mais de uma resposta
1185:
1297:
1191:
1195:
1196:
1197: Variáveis
1192: n (%)
1193:
1194:
1198:
1203: Gravidade dos sintomas (n=179)
1199:
1200:
1201:
1202:
1204:
1208: Assintomático
1205: 32 (17,9)
1206:
1207:
1209:
1213: Leve
1210: 123 (68,7)
1211:
1212:
1214:
1218: Grave
1215: 24 (13,4)
1216:
1217:
1219:
1224: Principais sintomas†
1220:
1221:
1222:
1223:
1225:
1229: Cefaleia
1226: 117 (79,6)
1227:
1228:
1230:
1234: Cansaço
1231: 115 (78,2)
1232:
1233:
1235:
1239: Anosmia
1236: 108 (73,5)
1237:
1238:
1240:
1244: Ageusia
1241: 103 (70,1)
1242:
1243:
1245:
1249: Tosse
1246: 84 (57,1)
1247:
1248:
1250:
1254: Mialgia
1251: 82 (55,8)
1252:
1253:
1255:
1259: Febre
1256: 80 (54,4)
1257:
1258:
1260:
1264: Fadiga
1261: 78 (53,1)
1262:
1263:
1265:
1270: Internação hospitalar
1266:
1267:
1268:
1269:
1271:
1275: Sim
1272: 16 (8,7)
1273:
1274:
1276:
1280: Não
1277: 168 (91,3)
1278:
1279:
1281:
1286: Admissão em UTI*
1282:
1283:
1284:
1285:
1287:
1291: Sim
1288: 4 (2,2)
1289:
1290:
1292:
1295:
1296: Não
1293: 180 (97,8)
1294:
Na comparação dos 184 profissionais com COVID-19, segundo necessidade ou não de internação hospitalar, houve diferença significativa entre os grupos em relação a pertencer ao grupo de risco para COVID-19 (p=0,032), ter sintomas graves da doença (p<0,001), além de presença de febre (p=0,008), falta de ar (p<0,001), cansaço (p=0,031), taquipneia (p<0,001) e/ou mialgia (p=0,042).
1308:Estas variáveis, que mostraram associação com internação hospitalar, foram testadas individualmente quanto à razão de chance para hospitalização. Verificou-se que a presença de sintomas graves, taquipneia ou falta de ar aumentou em 29,75, 6,48 e 5,83 vezes a chance de hospitalização, respectivamente. Cansaço, febre, mialgia e pertencer ao grupo de risco também contribuíram para a hospitalização, com razão de chance inferior a 5 (
1310: IC = Intervalo de confiança; †OR = Razão de chance; ‡Teste Qui-Quadrado de Pearson; §Teste Exato de Fisher
1316:
1408:
1324:
1336: Variáveis
1325: OR†
1326:
1327: IC* 95%
1328:
1329:
1330:
1332:
1333:
1334:
1335:
1337:
1342:
1343:
1344: Limite inferior
1338: Limite superior
1339:
1340:
1341:
1345:
1353: Pertencer ao grupo de risco
1346: 3,00
1347: 1,06
1348: 8,49
1349: 0,032‡
1350:
1351:
1352:
1354:
1362: Sintomas graves
1355: 29,75
1356: 8,26
1357: 106,77
1358: <0,001§
1359:
1360:
1361:
1363:
1371: Febre
1364: 4,41
1365: 1,36
1366: 14,25
1367: 0,008‡
1368:
1369:
1370:
1372:
1380: Falta de ar
1373: 5,83
1374: 1,92
1375: 17,70
1376: <0,001‡
1377:
1378:
1379:
1381:
1389: Cansaço
1382: 4,64
1383: 1,02
1384: 21,09
1385: 0,031‡
1386:
1387:
1388:
1390:
1398: Taquipneia
1391: 6,48
1392: 2,15
1393: 19,51
1394: <0,001‡
1395:
1396:
1397:
1399:
1406:
1407: Mialgia
1400: 3,00
1401: 1,00
1402: 9,03
1403: 0,042‡
1404:
1405:
Ao longo da pandemia da COVID-19, centenas de profissionais contaminaram-se e muitos morreram em decorrência da doença. Embora nem sempre seja possível estabelecer a assistência prestada como fonte da contaminação, mesmo quando os profissionais cuidam diretamente de pacientes infectados com SARS-CoV-2, pesquisas apontam maior risco para trabalhadores de saúde quando comparado à população em geral
Estima-se que antes da vacinação em massa, cerca de 14% dos casos mundiais eram de profissionais de saúde, de diferentes áreas de atuação
Durante a fase mais crítica da pandemia ou período pré-vacinação, houve diminuição da força de trabalho em saúde decorrente da contaminação e adoecimento, o que gerou grande impacto social e econômico para o sistema de saúde
O presente estudo permitiu identificar que o uso de transporte público aumentou as chances dos profissionais contaminarem-se pelo SARS-CoV-2, à semelhança de outras pesquisas que investigaram a relação entre o transporte público e o risco de contaminação por COVID-19
Um estudo chinês que avaliou o risco de transmissão do novo coronavírus em passageiros de trem concluiu que a transmissão nestas viagens é elevada, mas o risco é influenciado pelo tempo de exposição e localização do passageiro, podendo ser minimizado com aumento da distância entre os assentos, redução da densidade de passageiros e uso de medidas de higiene pessoal
Revisão integrativa da literatura analisou os riscos de adoecimento ocupacional em profissionais de saúde que cuidam de pacientes com COVID-19. Os autores analisaram 19 estudos e destacaram a importância do uso adequado de EPI, higiene das mãos e do ambiente, sugerindo que os serviços de saúde devem planejar o revezamento dos profissionais no atendimento aos pacientes contaminados ou suspeitos, reduzindo, sempre que possível, o tempo de exposição ao vírus
Embora políticas públicas amplas sejam de difícil implementação, algumas iniciativas podem ser consideradas com o propósito de mitigar a contaminação e transmissão, como uso de máscaras, distanciamento e ventilação adequada
Outra variável que aumentou significativamente a chance de contrair a doença foi residir no mesmo domicílio que outras pessoas diagnosticadas com COVID-19. Ressalta-se que não foi possível identificar nesse estudo, assim como em outros, se a contaminação partiu dos profissionais para os residentes do mesmo ambiente ou o contrário.
1464:Embora a identificação rápida dos casos, pela vigilância e pelos testes diagnósticos, tenha permitido isolar rapidamente esses profissionais, muitas vezes o isolamento precisa ser feito na própria residência, juntamente com familiares e outras pessoas próximas. Disponibilizar acomodações para a quarentena de profissionais da linha de frente infectados é um exemplo de medida que pode ajudar a dirimir a possível contaminação na comunidade
A necessidade de internação hospitalar para os profissionais contaminados esteve associada a pertencer ao grupo de risco e à presença de sintomas graves da doença, fatores que também foram observados em outros estudos que indicaram a presença de comorbidades e sintomas respiratórios como preditivos para internação de pacientes acometidos por COVID-19
Atenção especial, com relocação ou mesmo afastamento de profissionais sob maior risco, como idosos ou com comorbidades, tem sido utilizada como estratégia na tentativa de evitar o agravamento da doença. Assim, coletar e administrar os dados de saúde das equipes é uma medida importante a ser considerada.
1475:A baixa incidência de profissionais que precisaram ser internados em UTI (2,2%), neste estudo, corrobora dados já conhecidos que relatam taxas entre 10 e 20% que necessitam de cuidado intensivo, sendo que apenas entre 3 a 10% desses requerem intubação
Estudo de coorte desenvolvido na Espanha comparou os desfechos de trabalhadores da saúde e da população geral hospitalizados por COVID-19. Os resultados mostraram que as comorbidades e os achados radiológicos graves foram mais frequentes na população geral e não se encontrou diferença significativa entre a necessidade de suporte ventilatório e internação em UTI entre os dois grupos. Contudo, a ocorrência de sepse e de mortalidade foram significativamente mais elevadas na população geral do que entre os profissionais de saúde
Dada a característica do presente estudo, no qual os próprios profissionais respondiam sobre suas condições de saúde, o óbito não foi uma variável avaliada, embora se saiba que há alta mortalidade para pacientes que precisem de internação em UTI
No presente estudo, foi estabelecida uma relação entre contaminação e falta de EPI. Acredita-se que o risco ocupacional imposto pela falta desses equipamentos deve ser evitado e a disponibilização de EPI adequado deve receber especial atenção no manejo local da pandemia
O presente estudo apresenta pontos fortes e limitações que devem ser apontadas. O principal avanço do conhecimento foi a identificação de fatores associados à contaminação e ao adoecimento pela COVID-19, além das variáveis associadas à internação hospitalar dos profissionais de enfermagem. Os achados têm o potencial para serem utilizados como referência na avaliação e comparação de fatores de risco à saúde de profissionais de enfermagem da linha de frente, no contexto atual e em contextos pandêmicos futuros. Os resultados poderão contribuir com estudos futuros que analisem fatores associados à contaminação, ao adoecimento e à internação de profissionais de saúde pela COVID-19.
1492:Dentre as limitações, destacam-se o tamanho da amostra estabelecido por conveniência e de forma não probabilística. Além disso, a coleta de dados ocorreu em apenas uma instituição, por autorrelato, o que pode incorrer em algum grau de viés subjetivo.
1493:O estudo permitiu identificar fatores associados à contaminação dos profissionais de enfermagem pela COVID-19. Habitar o mesmo domicílio que outras pessoas com a doença e usar transporte público aumentou o risco de contaminação dos profissionais. Além disso, a falta de EPI relacionou-se à contaminação da equipe de enfermagem, identificando a necessidades de gestão de recursos materiais nos serviços de saúde para a garantia da oferta de recursos humanos adequado durante a pandemia.
1498:A necessidade de internação hospitalar entre os profissionais que se contaminaram com COVID-19 foi baixa e esteve associada a pertencer ao grupo de risco, ter sintomas graves da doença e apresentar febre, falta de ar, cansaço, taquipneia e/ou mialgia. Desta forma, a presença de comorbidades destaca-se como um fator significativo para contaminação dos profissionais de enfermagem e reflete a necessidade de ações de saúde ocupacional que auxiliem no manejo destes agravos de saúde.
1499:Recomenda-se a realização de novos estudos que analisem comparativamente instituições de saúde e revisões sistemáticas que sintetizem os fatores associados à contaminação dos profissionais de enfermagem pela COVID-19 e as medidas adotadas.
1500: